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Um dos maiores temas de discussão dos últimos anos é o crescimento do sedentarismo nas crianças e adolescentes. A maior parte dos pais estabelece um ponto de comparação entre as suas atividades durante a infância e a adolescência e as atividades dos seus filhos atualmente - e acabam por reconhecer que as novas gerações têm ganho uma tendência de se tornar menos ativos, de praticar atividades mais passivas e de passarem menos tempo ao ar livre. A ascensão da tecnologia, dos gadgets e jogos virtuais tem trazido hábitos menos saudáveis para uma geração que se prevê menos ativa do que a dos seus pais e avós.
A acrescentar a tudo isto, a realidade que temos nas nossas escolas públicas é muito precária no que diz respeito à Educação Física: a principal preocupação do sistema de educação é seguir os programas e respetivos conteúdos já definidos (basquetebol, futebol, voleibol, etc). Contudo, na maior parte das vezes esquecem-se do mais essencial: criar hábitos saudáveis, correção de posturas e desenvolvimento de movimentos funcionais. Uma das modalidades que pretende contrariar isto é o crosstraining, que ajuda a desenvolver competências físicas como por exemplo: coordenação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade, entre outros. O objetivo primário é garantir que têm capacidade de agachar corretamente, carregar pesos com posturas corretas (como é o caso das mochilas que levam para a escola) e corrigir hábitos menos saudáveis (por exemplo passarem demasiado tempo sentados numa secretária ou passarem demasiado tempo a mexer no telemóvel, levando a uma anteriorização dos ombros). Com o plano certo, o crosstraining pode ajudar a desenvolver uma correta postura corporal e uma densidade muscular suficiente para que estas crianças e adolescentes sejam adultos mais saudáveis, com menos riscos de doenças cardíacas ou diabetes.
Alguns das competências associadas à modalidade são:
Não obstante, existe também uma preocupação nesta modalidade em passar alguns conceitos associados à alimentação, para ajudar as crianças e adolescentes a criar hábitos mais saudáveis desde cedo.
Caso a criança já pratique alguma modalidade, esta é uma modalidade perfeita para complementar outras modalidades, tal como hóquei em patins, futebol, rugby, karaté. Existem vários testemunhos de pais que garantem que os filhos melhoraram muito a sua performance noutras modalidades desde que começaram a treinar crosstraining.
Como são as aulas da modalidade?
Um dos grandes objetivos do coach é tirar o sentido de obrigação destas aulas, por isso, na maior parte dos casos (principalmente no Preschool e Kids), o crosstraining é dado através de jogos que ensinam os vários movimentos funcionais, tornando o treino divertido e retirando a sensação de obrigação imposta pelos pais. Nestas aulas, os mais pequenos irão aprender a andar em pino e dar cambalhotas, a pendurarem-se na estrutura e, eventualmente, mover algumas cargas que serão sempre adequadas ao nível físico de cada indivíduo, uma vez que será a treinador sempre quem decide.
E para os pais que já praticam crosstraining?
O crosstraining é, normalmente, a primeira opção dos pais que já praticam a modalidade. Uma das grandes vantagens é conseguir que o filho treine no mesmo sítio, à mesma hora e, assim, facilitar horários e rotinas (existem muitas boxes com horário de Kids e adultos em simultâneo).
No entanto, é importante ter em consideração que o objectivo das aulas de crosstraining para crianças e adolescentes não é criar o próximo grande atleta, mas sim fazer com que cresçam com a sensação de que a prática de desporto é um hábito divertido e saudável e não uma obrigação. É importante que, apesar de já praticarem a modalidade, os pais nunca tragam pressão aos seus filhos, sob pena dos mesmos perderem o gosto pela modalidade.
Em suma, o mais importante é a saúde e qualidade de vida dos mais pequenos, que pode ser trabalhada desde cedo, de forma relaxada e descontraída. Devemos preocupar-nos em garantir que crescem de forma saudável e se tornam adultos funcionais, mas sem criar grandes pressões à sua rotina e libertando-os do sentido de obrigação de treinar.
O mais importante é mesmo que se divirtam!
Artigo escrito por Carina Simões e Nádia Abreu - CrossFit Kids Coaches